os meus tenis




Eu adoro sapatos. Fazem parte da minha vida, e uma parte importante. Se estou contente gosto de celebrar com um novo par e se estou down certamente que me ajudam a por mais feliz.
Por tantos ups and downs tenho uma quantidade quase imoral. Quando conheço uma pessoa tenho o hábito terrível de lhe olhar para os pés e fico sempre com a sensação que sei mais alguma coisa. Tolices.
Por ironia, começo com os que uso menos. Lá por usar menos não quer dizer que goste menos deles: há sempre aquelas coisas que gostamos mas não queremos todos os dias, nem todos os meses, queremos só as vezes. Só uso ténis para fazer ginástica. Devia ir três vezes por semana, mas, exactamente aquela hora, há sempre alguma coisinha que preciso mais de fazer, ou porque tenho trabalho ou porque está a chover ou porque está calor de mais ou porque perdi a hora. Nem acredito que perdi a hora, logo hoje que ia mesmo!
Não estou habituada a escrever. Não escrevo nada há anos. Tinha a mania de escrever, mas depois passou-me – se calhar, como a ginástica. Sempre tive um pouco medo de escrever e tenho a mesma teoria para o que falo: se não escrevo, ou falo, sobre determinado assunto, fico sempre a sensação de que ele não se materializa. Se calhar tem menos importância; e se for alguma coisa má até vou esquecer ou não vou pensar mais nisso. Se disse a alguém, se alguém leu... bem é sempre um compromisso. Quem me conhece sabe que falo muito, mais do devia às vezes, que tento falar com a rapidez com que penso. Acabo por dizer coisas que não quero, que não penso e que preferia não ter dito. Invariavelmente acabo por rir-me de mim própria ou a pôr alguém a rir-se de mim. Tenho sempre alguma inveja (se é pecado paciência, mas não é inveja de maldade) das pessoas que falam com calma e pausadamente, sem entusiasmos, sem umas asneiras pelo meio. Parece que pensaram há três dias no que iam dizer e disseram assim tal e qual. Eu fico sempre entre o dilema de quem diz de mais e quem diz de menos. Enfim, o que importa são os meus ténis.

6 Responses so far.

  1. Anónimo says:

    Tem piada teres começado por uns ténis. Achei que fosses colocar umas melissas coloridas, uns sapatos de princesa brilhantes, ou umas sandalocas com enfeites... mas esses ténis seguramente terão já boas histórias para contar...

  2. Seguramente...

    È impressionante e sobretudo fascinante o incrível facto de que, por mais pequena que seja a casa, por menos espaço que haja no quarto, por mais claustrofóbico que seja o armário - qualquer gaja com G maiúsculo, consegue sempre enfiar interminaveis miríades de sapatos de todas as formas, cores e feitios, organizados de maneira obsessiva por tipos e categorias que não lembrariam a mais ninguém - a não ser a outra gaja com G maiúsculo, claro está. Chega a ser um questão paradoxal...sabem? como se se tratasse da parábola da multiplicação dos pães e dos peixes, so que com sapatos. É como aquela velha sensação que costumavamos ter em crianças de que quanto mais sopa comiamos, mais parecia crescer no prato. Com os sapatos de uma gaja com G maiúsculo é igual...quanto mais pequeno for o armário, mais sapatos cabem lá dentro! Hão de reparar...a ver se não é verdade.

    Mas eu concordo com a shoe girl, quando diz que sempre que se mete a olhar para os pés (calçados) de alguém, fica a saber um pouco mais sobre essa pessoa. É quase como se lhe pudesse tirar uma espécie de radiografia mental e emocional. Da mesma forma que se escolhe que sapatos calçar segundo o temperamento e a disposição do respectivo dia, as outras pessoas também o fazem, logo isso já dá para saber mais qualquer coisa sobre alguém. Um conhecedor exímio da secreta arte de usar os sapatos achará sobretudo útil observar diáriamente os sapatos da respectiva patroa, para lhe reconhecer o temperamento antes mesmo que ela tenha de abrir a boca. Atrevo-me até a dizer, que uma gaja com G maiúsculo será reconhecida pelos pés, ou pelo armário!

    Sempre achei a colecção de sapatos da minha irmã um tanto quanto intrigante...e o armário dela uma espécie de solo sagrado...( escusado será dizer que ai de mim que me tentasse aproximar do armário dela, nem que fosse para ver se algumas das minhas t-shirts lá tivessem ido parar por engano - seria morte certa!)

    Francisco Martins

  3. New shoes new life, não é assim?

  4. Anónimo says:

    os sapatos sao como ter a chave do mundo, escolher um cenário… e partir.
    Ver a expressão de cada cor, o ritmo de cada lugar, o cheiro de cada pedaço de terra.
    Conhecer mais do que um sol.
    Provar o agri e o doce. Saborear um café quente ou uma bebida gelada mas sempre como uns bons sapatos calçados :)

  5. Anónimo says:

    O grau de hedonismo aqui presente está bem abaixo das minhas expectativas… Mais degredo (do ponto de vista mercantil), por favor.

  6. _bRoWn_ says:

    Se o teu número de pares de sapatos, ou chinelos, ou botas, ou alpercatas, ou seja lá o que for, é imoral, nem digo o meu!
    O que acho importante salientar é que isto não é apenas coisa de "GAJA", é uma necessidade como de beber água, por esta sol, ou chove ou faz frio.
    Acho memorável que te tenhas lembrado desta temática (especialmente porque me é tão familiar!!!)
    De uma maneira ou de outra é bom desmistificar que ter muitos não significa TARA... a não ser no caso daqueles senhores (do sexo masculino) que coleccionam infindáveis e, por vezes esteticamente desagradáveis, pares de sapatos de senhora; comprados em antiquários e oferecidos pela D.Amélia do 5ºFrente, porque já lhe fazem imensas calusidades no joanete.

    Esperemos para ver onde nos vão levar estas tuas "dissertações", porventura descontraídas de uma paixão em comum...

    SAPATOS

    _bRoWn_bRowN!e_