Estar em Lisboa em Agosto tanto pode ser muito bom como muito mau. É fantástico atravessar a 2ª circular pela manhã sem trânsito nenhum e demorar entre 5 a 7 minutos a chegar ao emprego ou estacionar na porta de casa a qualquer hora do dia sem menor problema. Até que a certa altura me pergunto: “para onde foram todos que eu ainda não fui?” “se foram para algum lado por alguma razão deve ter sido...” E é nesta altura que se já não tinha muita vontade de trabalhar, fico com ainda menos. A semana que antecipa as férias deve ser sem dúvida a pior. A vontade diminui a uma velocidade aterradora, a paciência para com os emigrantes (que insistem em pedir indicações em francês como se se tivessem esquecido da lingua mãe nos ultimos 5 anos que viveram em frança) simplesmente desaparece. Calço as minhas sabrinas pretas, que são neutras, e pelo menos isso não me chateia. Sempre que me chateio geralmente uso preto. Já dizia a minha avózinha: “de preto não me comprometo”.
Com a semana quase no fim e as férias a chegarem, finalmente, há que aproveitar o melhor que Lisboa oferece. Pelo menos o chiado, cheinho de turistas, salva-me sempre o final de dia em qualquer estação do ano. O croissant da Benard com uma dose grande de chocolate, o meu amigo Emanuel que me traz palheta e me actualiza nas notícias do dia. Trabalhar num jornal tem as suas vantagens. Uma das notícias do dia, sem querer tirar a importância a assaltos e descarrilamentos de comboios, é sobre o Clooney. Sim, esse, o George. Parece que o Sr Clooney, durante a sua estadia numa cidadezinha no interior de Itália bateu na traseira de outro carro de uma senhora italiana. Assumiu prontamente a responsabilidade e apesar de os danos serem poucos, o carro teve de ir para a oficina. Quando a senhora italiana lá foi buscar o carro, encontrou outro igual, novinho em folha, com um bilhetinho a acompanhar que dizia “Sinto muito. Espero que me perdoe. George Clooney”. Eu já não falo do carro novo. Mas pergunto-me ...que raio de sorte é preciso ter para o Clooney me bater no carro?? Aposto que a senhora não ficou chateada por estar em Agosto no interior de Itália e não ter ido de férias. E se isso me acontecesse o que é que eu fazia? Pode-se pedir o telefone ao George Clooney??Pode-se fazer piadinhas? Sim, quero o seu o telefone. What else?
Fui para casa a ouvir a “la vie em rose” da Grace Jones. Parece que a vida é cor de rosa para algumas pessoas e a minha não está tão longe disso. Não é tão rosa como a da sra italiana mas afinal de contas já estou em contagem decrescente para as férias.
Não! o pior dos emigrantes nem é andarem a pedir indicações em francês, é a gritaria que fazem na praia!! Experimenta ir a uma praia da linha num fim de semana...a sério, é que chega a ser uma visão do inferno! Passas o tempo inteiro (que axavas k ias estar a descontrair), a ouvir uma emigra mãe numa tentativa subtil de nao levantar muito a voz em público:
"Jean Pierre, vien ici"
Chama uma, chama duas, chama três vezes. À quarta vez a mulher dá-lhe 3 ataques de nervos seguidos, estala-se-lhe logo o verniz todo e esgoela-se toda na seguinte demonstração de fineza e requinte franciú:
JOÃO PEDRO, ANDA CÁ MEU CABRÃO SENÃO LEVAS NAS TROMBAS!
Aparece com algumas olheiras, mas aposto que vais adorar na mesma a foto do Clooney que usei para ilustrar a notícia:
http://img.timeinc.net/time/photoessays/2007/george_clooney/george_clooney_01.jpg