Primeira semana de Setembro. Balanço: dois fins de tarde na Benard com o croissant habitual e boca suja de chocolate, um grande jantar de amigos cá em casa, jogo de damas com o meu avô. Nada mau para uma semana só. Para o Dé também: conseguiu pela primeira vez passar todas as barras sozinho no parquinho (e eu estava lá para ver) e vai começar pela primeira vez a escola. Eu também. Não é pela primeira vez mas sinto alguma coisa parecida. Para acabar a semana em grande começou a chover há umas horas. A primeira chuva com cheiro a Outono. E eu confesso que já tinha saudades da chuva. Do cheiro da chuva. Adia-se o jantar na rua e fica-se em casa sem remorsos. Se na semana passada fazia todo o sentido calçar sandálias agora talvez não. Não importa nada. Setembro é assim. Há coisas que mudam. Começo a pensar em calças botas, em mudar a roupa do armário, apetece-me ouvir musica diferente no carro quando vou trabalhar e não me importo nada de dar três voltas ao quarteirão para estacionar o carro ao pé de casa. Setembro é assim. Voltamos à nossa rotina. Ou acabamos na verdade por criar uma nova rotina. Setembro é assim. O fechar de um ciclo e o iniciar de outro. Seremos demasiado influenciados pelo clima e pelo ano lectivo? Provavelmente. Na verdade acho que Setembro é o mês das oportunidades. Sinto um ímpeto agarrar a minha vida e lhe fazer alguma coisa. Setembro é o novo Janeiro. Olhamos para o que temos feito e tentamos mudar alguma coisa, tomamos resoluções, fazemos planos que invariavelmente começam por “daqui para a frente vou...” . O melhor é que se não cumprirmos não sentimos o peso da culpa dos que quando chegam a Fevereiro e ainda não começaram a dieta nem deixaram de fumar. Acho que Setembro para além da oportunidade nos dá o benefício da dúvida. E toda a gente merece o benefício da dúvida.