Lisboa






Para mim fazia sentido se todas as coisas que verdadeiramente gostamos se tornassem, nem que fosse um bocadinho, nossas. Eu sinto que Lisboa é minha. Não nasci cá, não vivi cá maior parte da minha vida e no entanto sinto-a como minha. Aprendi a conhecê-la com calma. Aprendi a conhecer a luz, os passeios, o rio, as vistas de cortar a respiração, o trânsito, o cheiro. Arrisco a dizer que já lhe conheço o bom e o mau. Deixando, claro, espaço para o que não conheço e me surpreende now and then. Conheço-a, admiro-a. Lisboa não responde. Mas quando se tem um amor assim faz sentido que lhe possa chamar meu.
Irónicamente devido ao meu emprego aborrecido mas com um horário óptimo posso conhecer Lisboa no seu melhor. Ontem andei por Belém a meio da tarde, com poucos turistas, com pouco barulho, com pouco calor. No museu Berardo não havia filas. Estava à espera das novas exposições. Adorei ver a do Corbusier em Agosto. Agora estão 4 novas: “Exposição Desenhos de Escritores”, “Não te posso ver nem pintado”, “Pipedream” e “Espaços Sensíveis”. De todas a única que gostei realmente foi a segunda. Adorei os vídeos e os quadros de Julião Sarmento. E gostei dos pastéis de Belém. E gosto sempre da luz de fim de tarde ao pé do rio.Se tivesse o emprego que gostava provavelmente não tinha um horário que me deixava ver tudo isto. Se tivesse o tal emprego que gostava e se saísse a meio da tarde então seria perfeito. Mas se tudo fosse perfeito o amor teria sempre resposta e depois Lisboa já não seria minha.

3 Responses so far.

  1. Anónimo says:

    Lisboa é, de facto, uma paixão. Gosto até dos podres que tem como um buraco inesperado na estrada ou o eléctrico que fica parado porque estão a descarregar grades de 'mines' no café da esquina; ou até dos pombos que teimam em sair da estrada e mesmo assim não temos coragem para não travar ou abrandar...

    Enfim, cá estudámos e começámos a trabalhar não é? Mas mesmo assim acho que é mais que isso...

    Já sei, é o Benfica e o Estádio da Luz!!!

  2. Concordo...Lisboa tem um "quê" de especial. Entre todas as outras coisas que a tornam ímpar, acho que a luz é verdadeiramente magnífica. A luz de Lisboa sempre me enfeitiçou...Aquela luz difusa junto ao rio, que a trespassa e alimenta. Belíssima.

    É linda nos dias tristes e melancólicos, possui o carisma e a sabedoria de uma cidade velhinha, conseguindo invocar as memórias do passado, tendo no entanto, o poder de simultâneamente carregar em si a alegria de um povo genuíno, acompanhando o passo célere dos tempos modernos, irradiando uma essência cosmomolita que fervilha de vida e energia. Erguendo-se sobre o rio, não se afastando no entanto do mar e da serra. Os elementos trabalham em sinergia para criar o ambiente eclético a que ninguém fica indiferente. Uma simbiose que reflecte a alma de um povo.

  3. Anónimo says:

    ....
    Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que meus olhos vêem tão pura
    Teus seios são as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta, ternura
    Cidade a ponto luz bordada
    Toalha à beira mar estendida
    Lisboa menina e moça, amada
    Cidade mulher da minha vida
    ....