Como acredito que aconteceu à maioria das pessoas da minha geração, passava a maior parte do meu tempo em casa da minha avó. Num tempo em que as avós estavam em casa, a cuidar dos avôs, dos filhos, dos netos. Eu tive essa sorte. Chamo-lhe ainda hoje casa da minha avó apesar de quem lá morar ser o meu avô e a minha avó já ter morrido. A casa, naquela altura, era das avós.
A minha avó costumava-me levar ao mercado. Adorava ver os patinhos, os pintinhos, os coelhos. Desconhecia na altura que mais tarde seriam o arroz de pato, a galinha estufada, o coelho com ervilhas... Penso que achava que os animais iriam só para o jardim da minha avó onde os podia visitare por onde iriam ficar até que, depois de grandes e gordos, voltavam a ser pequenos novamente, sem explicação aparente.
O meu pai continua a ir ao mercado todos os sábados de manhã. Eu e o Dé também fomos. Também ele, pequenino, adora passear-se por ali, ver os animais, fazer festas aos patos, pesar-se na balança dos animais e, apesar de os bichos não irem parar ao jardim da sua avó, não o julgo muito diferente de mim.
Quando estávamos mesmo de saída, passámos por uma banca onde estava um senhor velhinho sentado, com um olhar de poucos amigos, com uma cesta cheia de coelhos na frente. O Dé parou, encantou-se com os bichos de felpudos que eram, fez-lhes festas uns minutos até que o senhor olhou para ele e perguntou:
- Então menino, queres levar um coelhinho pró jantar?
Este blog é delicioso.Sabe tão bem ler os textos e ver as fotos.Huummm
Coitadinho!!! :D
Espero que o Dé leve esse ensinamento a sério. É um daqueles momentos em que a criança começa a perceber o que é ser adulto!!!
Mas o vendedor não deixa de ser um gajo muito sacana...