Um dos aspectos mais fascinantes do tempo é que, à medida que passa, a informação cresce a um ritmo cada vez rápido e descontrolado: a terra afinal não é quadrada, ter luz à noite há muito deixou de reduzir a meia dúzia de velas, falarmos para qualquer canto do mundo a qualquer hora é tão fácil quanto pressionar uma tecla e poucas são as aventuras de Júlio Verne por realizar.
No entanto, continuamos com doenças sem cura, nunca o homem saiu da galáxia, não sabemos ao certo quem era a Mona Lisa e ninguém decifrou os sonhos. Muitas pessoas morrem com doenças incuráveis, muitos estudam até à exaustão para saber o que se passa para além do nosso planeta verde, outros lêem e procuram saber quem era a figura misteriosa de da Vinci, mas sonhar, todos, sem excepção, sonhamos. E ninguém sabe ao certo como nem porquê. Freud ou Jung tentaram. Também ninguém sabe ao certo se chegaram sequer lá perto e o mistério continua . Toda a humanidade deita a cabeça na almofada, noite após noite, e sonha. E de olhos fechados, somos visitados por pessoas que não convidamos, por situações doces, por sustos, por animais, por quedas, e por uma infinidade de coisas para as quais tentamos achar as mais diversas justificações, no dia seguinte de manhã, na net ou num livro. Quem escreveu na net sabe tanto como quem escreveu o livro. Nada. Ou tudo, quem sabe? No máximo, cada um, conhecendo-se mais ou menos, pode supor porque sonhou o que sonhou ou então apenas já estar esquecido quando saltar para o banho uns minutos depois de ter acordado.
Mas depois há os sonhos que ficam, os sonhos que se repetem, os sonhos que nos intrigam, os que queríamos que fossem realidade. Esses ficam connosco durante o dia, e mesmo quando não voltam na noite seguinte, são mais difíceis de esquecer. E mais ou menos inesquecíveis, o mais delicioso são aqueles minutos em que, para o bem ou para o mal, somos o que não somos, somos o que não pensaríamos ser, somos o que não seremos nunca, somos o que desejaríamos ser e mais do que tudo, somos para além de nós ali, de olhos fechados.
Se a informação cresce a um ritmo tão descontrolado, se o pensamento está praticamente condenado a ser a única coisa secreta que nos resta e as aventuras de Júlio Verne vão deixando de nos encantar, procurem saber se há vida além da terra, procurem os mistérios de da Vinci, curem as doenças do mundo mas, por favor, não se metam com os meus sonhos.
Não é por acaso que existe muita gente a estudar o sonho! Eu acredito sériamente que só somos felizes quando seguimos aquilo que nos apresentam os nossos sonhos. Porque são as nossas vontades mais profundas. As ideias que nos chegam quando não temos limites, e quando estamos profundamente acolhidos pela protecção do sono. Enquanto puder, e sempre que me lembrar, vou continuar a seguir o que sonho.
Querida
Eu não poderia terminar esta semana sem mandar esta mensagem, ensaiada há tempos.
Seu blog é muito lindo. Venho sempre olhar por onde seus pés andam, fico encantada com cada detalhe. Às vezes até deixo a página aberta, só para ficar ouvindo suas músicas enquanto trabalho. Quanta sensibilidade, quanta delicadeza.
Pronto, falei. Agora estou melhor :-)
Um beijo grande, bom final de semana para você. E para seus sapatos.
Silmara Franco
www.fiodameada.wordpress.com
Quem se atreveria a incorrer em tamanha infâmia?? eu não ousaria concerteza a meter-me com os teus sonhos, porque não aguento que se metam com os meus! hehe!
Sim, sonhar é um dos poucos elos que nos restaram com o mundo dos mistérios. Quando sonhamos, a barreira brumosa que divide este mundo do Outro é muito ténue e em certas ocasiões dissipa-se completamente, deixando entrar na nossa consciência coisas que não fazemos ideia de onde vieram. Nunca te aconteceu sonhar com uma coisa que és capaz de jurar que não tens imaginação suficiente para sonhar com aquilo? Ou sonhar com uma coisa que acontece no dia a seguir, como se de um aviso se tratasse? Por mais que o homem estude, por mais que a ciencia progrida, haverá sempre coisas inexplicáveis, ocultas e fascinantes. Acredita-se que quilo que se conhece hoje do cérebro humano, é apenas uma ínfima fracção daquilo que foi projectado para fazer. Eu acredito que ainda não aprendemo a usar e a desenvolver nem metade das capacidades que o nosso corpo está habilitado para alcançar. Qualquer dia descobrimos que afinal todos somos telepáticos, que todos conseguimos profetizar, e que isso nda tem de sobrenatural...que é apenas mais uma das capacidades que sempre fizeram parte de nós desde o começo do mundo. Quando penso na esmagadora ordem e magnificiência da natureza e de tudo o que a compõe - incluinto a complexidade do ser humano - é-me impossível não acreditar num plano do divino.
Este é um dos meus posts preferidos no teu blog. Way to go iarinha!
By the way, thanks a lot pelo comment k deixaste no meu! :)
Xikinho
Minha querida
Não percas tempo com aspectos tão profundos da vida. Vive na rama e com o vento a dar-lhe para ires de um lado para o outro e já está.
Sabes quem eu sou ? Não!!!!
Fica a sonhar -